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Trópico de Câncer

Henry Miller

2008 Editorial Presença

Sinopse

Proibido durante cerca de 30 anos nos Estados Unidos e no Reino Unido, Trópico de Câncer foi publicado originalmente em 1934. Eleito um clássico de literatura erótica desconstruiu tabus e desmistificou convenções no seu pouco apologético caminho em busca do desejo. Muitas vezes considerado pornográfico e obsceno, Trópico de Câncer evidencia uma sexualidade despojada, longe de amarras e preconceitos, sendo auto-designado pelo escritor como «um insulto prolongado, um escarro no rosto da Arte». Não somente a Arte se pode ter sentido beliscada como a generalidade dos homens do seu tempo, presos às regras ditadas pela sociedade e que viam em Trópico de Câncer um desafiar dos valores impostos e aceites pela sociedade. A linguagem sem freio, os temas invariavelmente de cama e o retrato das personagens pouco ortodoxo, muitas vezes ridicularizadas por uma crítica contundente e sem moral, projectaram Miller como alguém à frente do seu tempo, porventura um pouco desajustado, facto esse que o levou a viver em Paris, ex-libris das capitais, que considerava um local onde se mesclam as cidades da Europa e da América Central, e onde o escritor vivia sem recursos ou dinheiro. Miller auto-designava-se um artista que se deixava conduzir à mercê das contrariedades e das alegrias da vida. A primeira impressão de Trópico de Câncer foi aliás financiada por Anaïs Nin, sua amante, que acreditava nos seus desígnios. Narrado na primeira pessoa, o livro relata ficticiamente as aventuras de Miller entre prostitutas, proxenetas, pintores sem dinheiro e escritores do submundo parisiense. Controverso e muito peculiar, Henry Miller ergue um hino ao mundo da sexualidade e da liberdade nas suas formas extremas e garante incondicionalmente um lugar no panteão dos maiores escritores mundiais do século XX.

Críticas ao livro " Trópico de Câncer "

Fonte: Suburbana Mente

Vou dedicar este espaço para falar um pouco do livro que terminei de ler recentemente. É o “Trópico de Câncer” do escritor americano Henry Miller. Há tempo não encontrava um livro que me interessasse, muitos dos que chegava a ler, acabava parando no meio do caminho. 

Ainda não conhecia nenhuma obra desse escritor, apenas tinha ouvido falar. Mas antes de ler um dos seus romances, já havia lido o livro de Anaïs Nin – Henry, June e Eu, delírios eróticos – um diário em que a escritora descreve as suas mais íntimas aventuras amorosas com o próprio Miller e com sua amante June.

Um dos motivos de ter gostado do livro de Miller é a presença de uma narrativa crua, forte, franca e marginal. Um soco no estômago para os mais sensíveis ou despreparados. Tem bastante afinidade com o propósito do meu blog: uma escrita que descreve uma realidade desnudada, sem enfeites, com todas as podridões humanas que dificilmente estamos habituados a ver, ler ou ouvir. Entretanto, sabemos que ela existe e ignoramo-as porque isso nos causa repulsa, desconforto, isso NOS INCOMODA. Mas é exatamente esse tipo de literatura que ultimamente tem me atraído.

Pois bem, falemos então do romance escrito por Miller. A princípio, esse romance pode ser considerado uma autobiografia, pois o escritor vai relatando – sem o compromisso com uma narrativa linear – suas experiências vividas numa Paris que nós, estrangeiros, desconhecemos.

Publicada pela primeira vez em 1934, com ajuda financeira de Anaïs Nin, o romance causou muitas polêmicas na época (e ainda causa, embora com menos intensidade) por ser considerado um livro pornográfico. Chegou a ser proibido em diversos países, inclusive no Brasil, na década de 70. Para mim, o livro passa longe de ser considerado pornográfico e, apesar das cenas de sexo presentes no livro, o autor consegue narra-las sem fazer uso de uma vulgaridade excessiva. Ao contrário, ele descreve essas cenas com um olhar observador e algumas vezes, crítico e reflexivo do momento presenciado.

Em Trópico de Câncer, a bela e elegante Paris – a Cidade Luz – perde toda a sua exuberância. O que vemos é uma Paris preconceituosa, hostil e cruel com seus habitantes, principalmente com os imigrantes de todas as partes do mundo. Os arredores e subúrbios da cidade estão infestados por prostitutas e miseráveis. Em todos os cantos, há sexo fácil, bares decadentes e casas de prostituição. Todos convivendo em uma situação desumana, com todos os tipos de doenças possíveis e sem condições nenhuma de higiene.

Letrado, inteligente, amante de filosofia e com um bom domínio da língua francesa, Henry se vê totalmente sem oportunidades e vive a depender dos favores das pessoas que vai conhecendo. Faz amizades com vários artistas e intelectuais, igualmente boêmios. Chega a morar com vários conhecidos, presta serviços de todos os tipos imagináveis: desde carregador de cargas até professor de inglês num colégio interno. Tudo isso em troca de alguns francos ou simplesmente por comida. No seu auge da miséria, chega a pedir esmola e roubar.

Diante de todo esse caos que Miller se vê inserido, de todos os atos humanos, desde os mais primitivos aos mais nobres, nada passa despercebido aos seus olhos. E isso faz com que o narrador se torne um homem apático, frio, e chega a concluir que os homens são apenas um corpo fraco, presos em seus cárceres privados para apodrecerem lentamente. Não há choque, não há emoção nos acontecimentos por ele testemunhado.

Através desses relatos, temos acesso a um retrato bastante realista de um mundo entreguerras. Na verdade, Henry Miller deixa a América para sonhar uma vida melhor em Paris, o que acaba, em partes, não acontecendo. Contudo, o próprio narrador, mesmo convivendo nessas condições miseráveis, reconhece que Paris, com todas as suas podridões, é uma cidade que vicia, uma cidade que te amarra com todo os seus tentáculos e jamais deixa de respirar a arte. Ele chega a afirmar que é preferível ser pobre na Europa a ser pobre na América, pois lá o escritor encontra o que não há em sua terra natal: a liberdade. A liberdade de SER, a liberdade de ir e vir, a liberdade de não se prender ao ritmo agitado de uma sociedade extremamente apegada ao progresso e ao consumo. Mesmo que o mundo esteja sendo construído através da exploração humana, Henry consegue construir a sua própria identidade para se tornar um homem livre.

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