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Poema e Poesia de Federico García Lorca

Amor
Federico García Lorca

Gazel da Lembrança de Amor

Tua lembrança não leves. 
Deixa-a sozinha em meu peito, 

tremor de alva cerejeira 
no martírio de janeiro. 

Dos que morreram separa-me 
um muro de sonhos maus. 

Dou pena de lírio fresco 
para um coração de gesso. 

A noite inteira, no horto, 
meus olhos, como dois cães. 

A noite inteira, correndo 
os marmelos de veneno. 

Algumas vezes o vento 
uma tulipa é de medo, 

é uma tulipa enferma 
a madrugada de inverno. 

Um muro de sonhos maus 
me afasta dos que morreram. 

A névoa cobre em silêncio 
o vale gris de teu corpo. 

Pelo arco do encontro 
a cicuta está crescendo. 

Mas deixa tua lembrança, 
deixa-a sozinha em meu peito. 

Federico García Lorca, in 'Divã do Tamarit' 

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