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Poema e Poesia de Rui Manuel Correia Knopfli

Tiro os óculos e recua o mundo: 
torno à mais árdua intimidade. 
Diónisos ou Penteus, antes do sangue 
pesa já a vinha sobre as colinas 
de Outubro. 

                         As bodas místicas 
do deus e da noviça, meu destino 
branco, minha face nocturna, 
não os preserva a ciência 
dos três livros, nem figurariam, 

por certo, na cinza dos restantes. 
Sei, entre névoas e azul, de uma 
biblioteca deserta, cujas estantes, 
por desnudas, não enjeitam 
a mais discreta sabedoria. 

Em sua transparência se inscrevem, 
como a luz à luz se sobrepõe. 
Trago na pele e nos olhos, 
sobre a língua e o palato, 
a memória escaldante 

de uma mulher. 
                              Devora-me 
um álcool lento e sedicioso. 
De todas as mortes sofridas, 
só esta temo e não desejo. 

Rui Knopfli, in "O Corpo de Atena"

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