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Poema e Poesia de Florbela Espanca

Quis Deus dar-me o condão de ser sensível 
Como o diamante à luz que o alumia, 
Dar-me uma alma fantástica, impossível: 
- Um bailado de cor e fantasia! 

Quis Deus fazer de ti a ambrosia 
Desta paixão estranha, ardente, incrível! 
Erguer em mim o facho inextinguível, 
Como um cinzel vincando uma agonia! 

Quis Deus fazer-me tua... para nada! 
- Vãos, os meus braços de crucificada, 
Inúteis, esses beijos que te dei! 

Anda! Caminha! Aonde?... Mas por onde?... 
Se a um gesto dos teus a sombra esconde 
O caminho de estrelas que tracei... 

em "Charneca em Flor"

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